EM ALGUM LUGAR
DO FUTURO
O Brasil terá mais uma história
triste para ser contada em livros, escolas, partidos, palestras e até nas calçadas
de algum bar ao sabor de uma boa bebida com amigos em volta de uma mesa. Parece
que estamos fadados a ter sempre uma história triste, um acontecimento
horripilante, um crime sempre mais assustador que o de ontem. Vivemos assim
desde que começamos a entender a vida. Hoje vivenciamos mais uma dessas
histórias tristes a ser contada aos nossos netos e bisnetos que também nos
envergonhará como hoje envergonham tantos pelo mundo a fora, como é o caso da
Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini.
Contarão em algum livro, falarão em
alguma mesa de bar, no intervalo de uma boa bebida e outra, que em um ano
remoto de 2018, em uma eleição à presidência
do Brasil disputavam em um segundo turno, dois candidatos. Um graduado em
Direito pela USP,(1985) mestrado em Economia pela USP (1990), doutorado em
filosofia pela USP (1996), Professor Doutor do Departamento de Ciência Política
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Professor do
Insper, Subsecretário de Finanças do município de São Paulo, Assessor Especial
do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (2003-2004), Secretário
Executivo do Ministério da Educação (2004-2005), Ministro da Educação
(2004-2012) e Prefeito da cidade de São Paulo (2013-2016) e um militar expulso
do exército por problemas psiquiátricos e por planejar atentados terroristas na
adutora Guandu e bombas-relógio em vários quarteis no Rio de Janeiro para
reivindicar melhores soldos, deputado por mais de 20 anos com apenas 1 único projeto
aprovado e cujo programa de governo era eliminar os petralhas e matar pelo
menos 30 mil, ganhou o ex-militar, mentor intelectual dos planos terroristas
com mais de 57 milhões de votos. As caras e bocas o revirar dos olhos,
fisionomias de ceticismo, braços abertos demonstrando não estarem entendendo nada,
tomaria conta de todos à mesa. E alguém que tristemente relataria este
emblemático episódio da republica, continuaria. Mas não é só isso. Por volta do
16º mês de seu mandato, em uma CPI instalada para apurar suas responsabilidades
na compra de vacinas para uma pandemia de covid-19 que o mesmo negava
insistentemente não ser absolutamente nada e que era apenas uma gripezinha, embora
àquela época já ter matado mais de 500 mil brasileiros, chegaram em uma bela
sexta-feira a um depoimento bombástico de que um deputado ousou relatar ao
presidente os desmandos e conluio existente na pasta do seu Ministério da saúde
na compra de vacinas e ouve do mesmo que isso era coisa de seu líder de
governo. Fez-se uma pausa e algumas indagações pairavam nos rostos estupefatos.
E o povo? O que fizeram? Saíram às ruas? Não. Naquele dia triste, o povo ousou
despertar para lutar por um novo Brasil, uma nova politica e uma nova ordem
para a preservação da tão sonhada democracia.
O futuro onde esta história será
contada, certamente está longe, porém o fato ocorrido, vivemos hoje com a mesma
tristeza, com o mesmo ceticismo e com a mesma indignação. Não é mais uma questão
de polarização entre ultra direita e esquerda, não é mais disputa política nem pautas
ideológicas. A luta agora é pela vida e pela civilização. É entre a verdade e a
mentira, é entre o caráter e a ignomínia. Tenho certeza que a verdade vencerá.
A
verdade nos libertará.